sexta-feira, setembro 16, 2011

Tenho...

... blogs que fazem parte das minhas leituras diárias, conforme já disse várias vezes. Blogs em que gosto de ler opiniões, conselhos ou pequenas divagações ou então em que gosto de ver fotografias e partilhas do dia-a-dia. Um deles é o d'A Turista Acidental. E seria impossível não dizer nada sobre o post de hoje (que vos peço que leiam aqui) e sobre a frase que li e que mais me marcou: "Alunos, todos fomos e sempre seremos! Professores, só alguns!".
Ao ler este post, lembrei-me de imediato das palavras que a minha mãe sempre me transmitiu desde pequena: "Médico e professor nem todos conseguimos ser. São para mim duas das profissões que mais admiro. Ambos cuidam de nós de forma diferente e devemos sempre dar-lhes valor". E concordo plenamente (como aliás expressei num comentário no blog da Turista). Enquanto uns têm a difícil e complicada tarefa de nos proporcionar as melhores condições de saúde, os outros são os responsáveis pela complementaridade da nossa formação como pessoas e cidadãos, debruçando-se sobre a componente académica que, aliada à formação que nos é transmitida pelos nossos pais nos torna preparados para enfrentarmos a dura tarefa que é viver. Muitas vezes se fala de médicos que não tratam os seus pacientes da melhor forma e que chegam mesmo a ser desagradáveis. Bem sei que maus dias todos nós temos mas também é uma realidade em Portugal que, quem tiver excelentes notas, pensa logo em ir para Medicina, sem que isso obrigatoriamente reflicta a sua verdadeira vocação. Bem sabemos que muitos são movidos por outros interesses sobre os quais prefiro não falar (desculpem-me os leitores deste cantinho que possam ser estudantes de Medicina ou médicos mas acho que sabem que o que digo é verdade. Nada a ver convosco :))...
E eu vejo a profissão de professor exactamente da mesma forma: nem todos vão para a via de Ensino por gostarem verdadeiramente. E sei do que falo. Bem me recordo do que se passou na minha faculdade no momento de deixarmos o tronco comum da licenciatura e escolhermos os nossos ramos... Muitos optaram por fugir das duas vias chamadas de mais complexas (as que tinham maior carga de matemática, programação, física ou horas de laboratório) para optarem pela via de Ensino. E muitos fizeram os últimos anos do curso a detestarem a opção que tomaram mas a não ter coragem de mudar por acharem que iriam ter mais trabalho, algo impensável para mim! É com estes exemplos que digo que muitos não escolhem a vida de professor pelos melhores motivos.
E acho que é devido a estes professores que não optaram pelo curso que verdadeiramente gostavam que depois existe uma má imagem junto dos alunos e do resto das pessoas. Não acho possível que alguém que não gosta do que faz consiga fazer o seu trabalho da melhor maneira nem transmitir aos alunos o gosto pela área em que lecciona. Felizmente, tive bons exemplos de professores que me fizeram gostar das mais diversas áreas e ter dificuldade em escolher a área que queria quando chegou a altura. E fiquei contente por isso! Significa que me fizeram ver mais além e não me limitar a gostar apenas de uma coisa. Gostava que todos tivessem conhecido no seu percurso de alunos professores motivadores e que ficassem felizes por dar nota máxima aos seus alunos.
Não creio que seja dado o verdadeiro valor à opção de ser professor... Uma das principais formas de ajudar pequenas crianças a descobrir o Mundo e ambicionar querer ser mais. Deveria dar-se muito mais valor a estas pessoas e não considerar que apenas se limitam a passar os dias nas escolas a tomar café ou a conversar (lá está, maus profissionais existem em todo o lado e não devem ser esses considerados como a regra). É pena que nem sempre se valorizem as pessoas como elas merecem... Mas é depois de ler um post como o da Turista que se vê que, felizmente, ainda existem muitas pessoas por esse País fora que se dedicam (ou dedicaram) de corpo e alma à profissão que abraçaram e estiveram dispostas a muitos sacrifícios para proporcionar os melhores momentos de aprendizagem. E é por isso que serão um dia recordados como professores espectaculares pelos seus alunos! Parabéns, Turista!

9 comentários:

  1. Querida Fiona, eu é que te agradeço o magnífico texto que escreveste aqui e que complementa na perfeição, o que descrevi lá na Turista.
    Sabes o que me apetecia fazer? Um link, para todas as amigas e amigos, virem aqui finalizar, a sua leitura.
    Obrigada Fiona, por este tua reflexão e pela tua amizade sincera, ainda que virtual. :)

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  2. Não precisas de agradecer. :) Como disse, era mesmo impossível não dizer nada depois de ter lido o teu post e o que o originou. Começaram a aparecer aqui umas palavras que tinham mesmo de passar a escritas. E podes fazer o link, estás à vontade. Beijinho de bom fim-de-semana :)

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  3. gostei do teu post, muito bem!
    tive um professor que com ironia, relativamente a alguns colegas da "via ensino" que acabavam por ficar a fazer investigação, disse algo parecido com "temos de mante-los por cá para não irem estragar 'aquilo' lá fora...". é como diz a Turista: "Alunos, todos fomos e sempre seremos! Professores, só alguns!".

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  4. Obrigada, o rapaz da laranja. Curiosamente, também aconteceu o mesmo a muitos dos meus colegas que seguiram a via do ensino. Passado uns tempos era vê-los ocupar as oportunidades de investigação em diversos laboratórios da faculdade (deixando muitos da via de investigação sem possibilidade de se candidatarem a essas oportunidades...). Mas a última frase da Turista resume mesmo aquilo que penso. Nem todos nascemos para determinadas profissões.

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  5. Parabéns pelo post, gostei muito:) Eu posso dizer que segui a investigação, ramo tecnológico, a pensar que não tinha jeito para dar aulas, e agora quero muito ser professora, descobri que afinal gosto de ensinar e que é uma profissão de louvar:)

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  6. Para mim todas as profissoes, salvo raras excepções sao nobres. Educadores Infantis, Medicos, Enfermeiros, Investigadores (mais que importantes), varredores de rua, padeiros, auxiliares de acção social..no meu caso acho nobre tentar melhorar o meio ambiente e permitir que num futuro continue a existir agua nao poluida preferencialmente, enfim...tantas mas tanats profissoes de que nós e os nossos filhos dependemos...não coloco nminguem num patamar especial, todos diferentes todos iguais, cada macaco no seu galho, cada um com seus beneficios, cada um com suas dificuldades...importante e a dedicação e o amor ao que fazemos e principalmente o sentido de responsabilidade...joquinhas

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  7. @A Tulipa Azul: muito obrigada pelas tuas palavras :). Eu também segui o ramo científico de investigação mas tinha sempre o desejo (mais ou menos escondido) de dar aulas ao nível do Ensino Superior. E felizmente já concretizei esse desejo :). Acho que, ao longo do nosso percurso profissional, vamos descobrindo outras formas de realização e outras coisas de que afinal gostamos e que, na altura em que fizemos a escolha da via do nosso curso, nem nos passou pela cabeça que pudessem fazer sentido. E afinal correspondem a algo que nos dá um grande prazer.

    @India: concordo contigo quando dizes que a dedicação e amor em relação aquilo que fazemos, juntamente, com o sentido da responsabilidade, fazem com que sejamos bons profissionais e possamos passar ao próximo a
    algo de bom.

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